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Especial Computação Quântica - Majorana, o Processador Quântico Topológico da Microsoft

  • Foto do escritor: Nexxant
    Nexxant
  • 17 de jun.
  • 12 min de leitura

Introdução


A corrida global pela construção de um computador quântico tolerante a falhas tem levado as principais empresas de tecnologia a explorar arquiteturas cada vez mais ousadas e inovadoras. Entre essas iniciativas, o desenvolvimento do processador quântico da Microsoft, baseado em qubits topológicos de Majorana, representa uma das abordagens mais ambiciosas e teóricas da computação quântica atual.


Diferente das arquiteturas mais populares, como os qubits supercondutores da IBM e da Google ou os qubits de íons aprisionados da IonQ, a Microsoft aposta em uma solução fundamentada em conceitos de física de partículas e topologia quântica, com o objetivo de criar um sistema intrinsecamente mais estável e menos suscetível a erros físicos.


Essa estratégia, centrada nos qubits topológicos de Majorana, vem sendo construída ao longo de quase duas décadas de pesquisa, com destaque para os avanços do Microsoft Station Q, além de parcerias com instituições acadêmicas como a Universidade de Copenhagen e a TU Delft.


Imagem Ilustrativa de hardware quântico da Microsoft com qubits topológicos de Majorana, exibindo nanofios supercondutores, sistemas criogênicos e representação conceitual dos modos zero de Majorana.
Renderização conceitual de um processador quântico da Microsoft com qubits topológicos de Majorana, mostrando nanofios supercondutores em ambiente criogênico, com efeitos visuais que representam modos zero de Majorana e proteção topológica.

Neste artigo, vamos explorar em profundidade o que torna a arquitetura de processadores quânticos da Microsoft tão única. Você vai entender como funcionam os qubits topológicos, qual é o estado atual de desenvolvimento do Microsoft Majorana, os principais desafios técnicos e o roadmap projetado pela empresa para essa tecnologia.



1. O Que São Qubits Topológicos de Majorana?


A base do processador quântico da Microsoft é um dos conceitos mais fascinantes e desafiadores da física contemporânea: os qubits topológicos de Majorana. Antes de entender como eles funcionam dentro de um hardware quântico da Microsoft, é preciso compreender o que torna essa arquitetura tão singular em comparação com os modelos mais tradicionais, como os qubits supercondutores ou os qubits de íons aprisionados.



Entendendo as Partículas de Majorana


Tudo começa com uma previsão teórica feita em 1937 por Ettore Majorana, físico italiano que propôs a existência de partículas que são, ao mesmo tempo, sua própria antipartícula; os chamados férmions de Majorana. Por décadas, essa ideia permaneceu no campo da teoria, até que evidências experimentais começaram a surgir no início dos anos 2010, especialmente em pesquisas envolvendo materiais supercondutores e semicondutores.


O que isso tem a ver com a computação quântica? A resposta está na forma como essas partículas de Majorana podem ser utilizadas para criar qubits com propriedades únicas de estabilidade.



O Que São os Modos Zero de Majorana?


Para entender como o processador quântico da Microsoft funciona, é essencial compreender o conceito dos chamados modos zero de Majorana, também conhecidos como Majorana Zero Modes (MZMs).


Esses modos são estados quânticos especiais que surgem nas extremidades de um nanofio supercondutor, quando o sistema está sob condições muito específicas de temperatura, campo magnético e estrutura de materiais.


O termo "zero" se refere ao fato de que esses estados aparecem exatamente no nível de energia zero em relação ao nível de Fermi do sistema, uma característica que os torna detectáveis por meio de picos de condutância em zero-bias (Zero-Bias Conductance Peaks), uma assinatura experimental típica dos experimentos da Microsoft Station Q.


O que torna os modos zero de Majorana tão relevantes para a computação quântica topológica é o fato de que eles permitem distribuir a informação quântica de um único qubit entre dois locais físicos separados, reduzindo a vulnerabilidade a ruídos locais.


A existência desses modos é uma pré-condição para que seja possível realizar operações lógicas via braiding, o processo fundamental que define a manipulação de qubits no hardware quântico da Microsoft.



Como Funcionam os Qubits Topológicos do Majorana


Os qubits topológicos de Majorana são baseados em um fenômeno conhecido como proteção topológica. Diferente dos qubits convencionais, que codificam informação em estados frágeis de um único elemento físico, os qubits de Majorana distribuem o estado quântico entre dois ou mais modos zero de Majorana, localizados em extremidades opostas de um nanofio supercondutor.


Essa separação física do estado quântico cria uma resistência natural contra ruídos externos e flutuações ambientais, um dos maiores problemas enfrentados por outras arquiteturas de qubits. Em teoria, isso torna os qubits topológicos muito mais robustos e menos propensos a erros de decoerência.



Uma Propriedade Única: As Estatísticas Não-Abelianas


Uma das razões pelas quais os qubits topológicos de Majorana são tão promissores para a construção de um computador quântico tolerante a falhas está em um conceito fundamental da física quântica: as chamadas estatísticas não-Abelianas.


Imagem artística e fotorrealista mostrando os modos zero de Majorana realizando o braiding, representando as estatísticas não-Abelianas em um processador quântico da Microsoft, com trilhas luminosas entrelaçadas e efeitos visuais de ambiente criogênico.
Ilustração conceitual representando as estatísticas não-Abelianas em qubits topológicos de Majorana da Microsoft, com dois modos zero de Majorana traçando trajetórias entrelaçadas no espaço, simbolizando o fenômeno de braiding em um ambiente de computação quântica.

Diferente das partículas tradicionais, como elétrons e fótons, que seguem estatísticas Abelianas, os modes de Majorana pertencem a uma classe teórica de quasipartículas cuja manipulação física altera o estado quântico global do sistema de forma dependente da ordem das operações realizadas.


Isso significa que, ao trocar a posição de dois qubits topológicos, o sistema final não retorna ao estado inicial como aconteceria em partículas convencionais. Esse fenômeno, chamado de “braiding”, permite que as operações lógicas quânticas sejam codificadas na própria trajetória das partículas no espaço-tempo, e não apenas em seus estados locais.


Essa característica confere aos qubits de Majorana uma proteção natural contra muitos tipos de erros físicos, uma propriedade essencial para a construção de um processador quântico da Microsoft com maior robustez e menor necessidade de camadas adicionais de correção de erros.



Principais Características Técnicas


A arquitetura de processadores quânticos da Microsoft baseados em qubits de Majorana segue um conceito chamado de computação por braiding. Nessa abordagem, a manipulação dos qubits não acontece por meio de pulsos de micro-ondas ou lasers, mas sim pelo entrelaçamento (ou “braiding”) dos próprios modos de Majorana, criando operações lógicas que são, por natureza, resistentes a pequenos erros de manipulação.


Além disso, a detecção do estado quântico em um processador quântico de Majorana geralmente envolve a medição indireta via zero-bias peaks em espectros de condutância, um método que requer instrumentação de altíssima precisão.


Atualmente, o hardware quântico da Microsoft para esses experimentos utiliza nanofios supercondutores fabricados com materiais como InSb (antimoneto de índio) ou InAs (arseneto de índio), revestidos por camadas de alumínio para induzir supercondutividade. Esses nanofios são então submetidos a campos magnéticos e operam em temperaturas criogênicas extremas, próximas a 10 miliKelvin, ou seja 0,010 Kelvin, que é apenas 0,01 graus acima do zero absoluto (10 mK ≈ -273,14°C).


Essa é uma das temperaturas mais baixas que conseguimos atingir em laboratório, sendo típica de sistemas criogênicos usados em experimentos com qubits supercondutores e topológicos, como os da Microsoft.



Limitações Atuais e Status de Desenvolvimento


Atualmente, o Microsoft Majorana segue em fase de demonstração experimental. A empresa anunciou, em 2024, os primeiros indícios experimentais da criação de qubits topológicos tolerantes a falhas, validando a presença de modos zero de Majorana em seus dispositivos. Esse marco foi resultado de anos de pesquisa conduzidos pela equipe da Microsoft Station Q, um dos centros de pesquisa mais avançados em computação quântica topológica.


No entanto, é importante reforçar: a Microsoft ainda não possui um computador quântico com férmions de Majorana operacional ou escalável. O atual estágio é de validação física dos componentes básicos para construção futura.



Por Que Essa Arquitetura Pode Ser Revolucionária?


A principal promessa dos qubits topológicos de Majorana é permitir a construção de um computador quântico tolerante a falhas com um número muito menor de qubits físicos para cada qubit lógico, se comparado a outras tecnologias que dependem de camadas complexas de correção de erros.


Se a Microsoft conseguir transformar seus protótipos em um hardware de computação quântica funcional e escalável, a indústria pode testemunhar uma redução drástica nas necessidades de recursos físicos para alcançar o tão esperado quantum advantage.


Quantum Advantage significa o momento em que um computador quântico consegue executar uma tarefa específica mais rápido, com menor custo energético ou de forma mais eficiente do que qualquer supercomputador clássico disponível hoje. Assim como a Microsoft, os demais players nessa tecnologia ainda não conseguiram alcançar



2. A Jornada da Microsoft: Do Teórico ao Experimental


O desenvolvimento do processador quântico da Microsoft é o resultado de mais de duas décadas de pesquisa em qubits topológicos de Majorana, uma das linhas mais ambiciosas e desafiadoras dentro do campo da computação quântica topológica.


A Linha do Tempo dos Investimentos da Microsoft em Computação Quântica


A trajetória da Microsoft na computação quântica começou oficialmente em 2005, com a criação do projeto Station Q, sediado na University of California, Santa Barbara. O Station Q se tornou rapidamente um dos principais centros de pesquisa focados no estudo de qubits topológicos, especialmente aqueles baseados em férmions de Majorana.


Ao longo da década de 2010, a Microsoft fortaleceu suas parcerias com instituições de renome mundial, como a Universidade de Copenhagen, o Niels Bohr Institute e a TU Delft (Delft University of Technology), na Holanda. Essas colaborações foram essenciais para os avanços em engenharia de nanofios supercondutores, um componente crítico da arquitetura de processadores quânticos da Microsoft.


Durante esse período, o foco esteve na comprovação teórica e experimental da existência dos modos zero de Majorana, fundamentais para a construção dos qubits topológicos de Majorana.



O Anúncio de 2024: O Primeiro Sinal Experimental de Qubits de Majorana


O grande marco veio em 2024, quando a Microsoft anunciou, em um artigo revisado por pares, a primeira evidência experimental convincente da presença de modos zero de Majorana em seus dispositivos. Esse anúncio foi considerado um divisor de águas, validando anos de teoria e abrindo caminho para a próxima etapa: a manipulação e o controle desses qubits topológicos tolerantes a falhas.


A pesquisa, conduzida em parceria com o grupo da Universidade de Copenhagen, demonstrou um comportamento espectral característico dos Majorana zero modes, observado por meio de medições de zero-bias conductance peaks em nanofios supercondutores.


Essa conquista foi amplamente divulgada na comunidade científica e marcou o início da transição da Microsoft de uma abordagem puramente teórica para experimentações práticas de hardware quântico.



O Roadmap da Microsoft para Computação Quântica


Atualmente, o projeto Microsoft Majorana se encontra na fase de validação experimental. Embora a empresa não tenha um computador quântico com férmions de Majorana operacional, os avanços recentes fortaleceram o posicionamento da Microsoft no cenário global de pesquisa em computação quântica topológica.


O roadmap da Microsoft para computação quântica aponta para os seguintes passos:

  1. Consolidação de qubits de Majorana de alta fidelidade, com foco na redução da taxa de erros e aumento do tempo de coerência.

  2. Demonstração de operações lógicas básicas, utilizando o conceito de braiding entre modos de Majorana.

  3. Escalonamento da arquitetura, com o objetivo de construir o primeiro protótipo de um computador quântico tolerante a falhas com base em qubits topológicos.


A Microsoft também reforçou, em seu relatório de tecnologia de 2025, que o foco imediato está na correção de erros quânticos em qubits topológicos, um pré-requisito crítico antes de avançar para um sistema de múltiplos qubits interligados.


Além disso, a empresa continua investindo em novas linhas de pesquisa paralelas, como o desenvolvimento de instrumentação de leitura de estado mais sensível e melhorias nos sistemas criogênicos, para garantir o ambiente ultraestável necessário para manter os qubits topológicos de Majorana operacionais.



3. Como Funciona o Processador Quântico Majorana


O processador quântico da Microsoft representa uma abordagem singular dentro do universo da computação quântica. Enquanto a maioria dos processadores disponíveis hoje baseia-se em qubits supercondutores ou íons aprisionados, o Microsoft Majorana aposta na criação e manipulação de qubits topológicos de Majorana, com foco total em alcançar um computador quântico tolerante a falhas.


Imagem fotorrealista mostrando o funcionamento de um processador quântico da Microsoft com qubits topológicos de Majorana, incluindo nanofios supercondutores, loops de braiding não-Abeliano, modos zero de Majorana iluminados e um ambiente criogênico de alta tecnologia.
Representação artística de como funciona o processador quântico da Microsoft com qubits topológicos de Majorana, destacando os nanofios supercondutores, os loops de braiding não-Abeliano e os modos zero de Majorana, em ambiente criogênico com campos quânticos simulados.

Estrutura Física: Nanofios Supercondutores e Isolamento Topológico


A base estrutural da arquitetura de processadores quânticos da Microsoft é composta por nanofios supercondutores com características topológicas especiais. Esses nanofios são, geralmente, formados por materiais semicondutores como arseneto de índio (InAs) ou antimoneto de índio (InSb), revestidos com uma camada de alumínio para induzir supercondutividade.


Para criar os modos zero de Majorana, os nanofios são submetidos a campos magnéticos cuidadosamente controlados e operam dentro de ambientes criogênicos extremos, com temperaturas próximas a 10 miliKelvin — apenas milésimos de grau acima do zero absoluto.


O isolamento topológico é essencial. Ele cria um regime de condução eletrônica onde os quasipartículas de Majorana emergem nas extremidades dos nanofios, separadas fisicamente para garantir a proteção quântica que caracteriza os qubits topológicos tolerantes a falhas.



Principais Componentes do Sistema de Controle


Diferente de arquiteturas baseadas em micro-ondas ou lasers, o controle dos qubits topológicos de Majorana é feito principalmente através de potenciais elétricos aplicados por gates nanométricos posicionados ao longo dos nanofios.


A manipulação lógica ocorre pelo movimento controlado dos modos de Majorana, processo conhecido como braiding. Esse processo é usado para mover fisicamente as partículas de Majorana (ou seus modos quânticos associados) ao redor umas das outras no espaço-tempo, de forma controlada e sequencial, para executar operações lógicas quânticas.


Em vez de aplicar pulsos de micro-ondas ou lasers (como nas arquiteturas de qubits supercondutores ou de íons aprisionados), no Microsoft Majorana a informação quântica é manipulada movendo os modos zero de Majorana ao longo de um circuito físico, entrelaçando-os em trajetórias cuidadosamente projetadas.


Cada troca (ou "entrelaçamento") entre duas partículas altera o estado quântico global do sistema, de acordo com as estatísticas não-Abelianas.


A complexidade dessa operação exige um sistema de controle eletrônico com precisão atômica, capaz de ajustar tensões na ordem de microvolts e tempos de controle na escala de nanosegundos.


Além disso, o sistema utiliza circuitos de leitura baseados em medição de condutância diferencial, com foco na detecção de zero-bias conductance peaks, um dos principais indicadores experimentais da presença de estados de Majorana.



Ambiente Operacional: Criogenia e Controle de Estado Quântico


A operação de um processador quântico da Microsoft, baseado em qubits topológicos de Majorana, exige um ambiente físico que vai além do que se observa em outras arquiteturas de hardware quântico.

Embora as baixas temperaturas criogênicas sejam uma exigência comum em muitos sistemas quânticos, o caso da Microsoft envolve condições simultâneas extremamente específicas, fundamentais para a formação e o controle dos modos zero de Majorana.


Temperaturas Extrema Próximas ao Zero Absoluto

Assim como os qubits supercondutores, os qubits topológicos de Majorana só podem existir de forma estável em temperaturas criogênicas extremas, tipicamente em torno de 10 a 15 miliKelvin, o que equivale a cerca de -273,14°C.

A Microsoft utiliza sistemas de refrigeração por diluição para atingir e manter essas temperaturas com precisão constante durante os experimentos.


Campo Magnético Controlado: Uma Necessidade Específica da Arquitetura Topológica

Ao contrário de processadores como o Sycamore, da Google, onde campos magnéticos são minimizados para evitar interferência com os qubits supercondutores, o processador quântico da Microsoft precisa de um campo magnético estático cuidadosamente aplicado.


Esse campo, geralmente na faixa de 0,5 Tesla, é essencial para induzir o regime topológico nos nanofios supercondutores, permitindo a formação dos quasipartículas de Majorana nas extremidades dos dispositivos.

A manutenção de um campo magnético estável e livre de flutuações é uma exigência crítica. Pequenas variações podem comprometer a estabilidade dos qubits e inviabilizar as operações de braiding.


Controle Eletrônico Ultra-Preciso

Outro diferencial do hardware quântico da Microsoft é o método de controle dos qubits. Enquanto outras arquiteturas dependem de pulsos de micro-ondas ou de lasers, o Microsoft Majorana utiliza potenciais elétricos aplicados por nano-gates, posicionados ao longo dos nanofios. Esses gates modulam o confinamento e o movimento dos modos zero de Majorana, viabilizando a execução das operações lógicas.


Além disso, o controle de tensão precisa operar com estabilidade de microvolts, com resposta rápida e sincronizada para permitir manipulação confiável em escala de tempo de nanosegundos.


Leitura de Estado Baseada em Condutância Quântica

A leitura do estado dos qubits topológicos de Majorana também difere radicalmente de outras arquiteturas. A Microsoft emprega um método chamado tunneling espectroscópico, buscando identificar picos de condutância em zero-bias (Zero-Bias Conductance Peaks).


Esse sinal elétrico é um dos principais indicadores experimentais da presença dos modos de Majorana, sendo atualmente um dos focos de estudo mais críticos no desenvolvimento da Microsoft em computação quântica.


Em resumo: enquanto o ambiente operacional de outros processadores quânticos foca em manter os qubits "estáveis e frios", o caso do processador quântico com férmions de Majorana exige uma combinação rara de temperatura, campo magnético e controle eletrônico, tornando o desafio de engenharia ainda mais complexo.



4. Potenciais Vantagens e Limitações Atuais


O desenvolvimento do processador quântico da Microsoft, baseado em qubits topológicos de Majorana, representa uma aposta ousada em busca de um computador quântico tolerante a falhas. Mas, como toda tecnologia emergente, ela carrega um mix de promessas e desafios técnicos significativos.


Imagem fotorrealista ilustrando o funcionamento de um processador quântico da Microsoft com qubits topológicos de Majorana, apresentando nanofios supercondutores, loops de braiding não-Abeliano, modos zero de Majorana iluminados e um ambiente criogênico de alta tecnologia.
Renderização artística mostrando como funciona o processador quântico da Microsoft com qubits topológicos de Majorana, destacando os nanofios supercondutores, os loops de braiding não-Abeliano e os modos zero de Majorana iluminados, em um ambiente criogênico com campos quânticos simulados.

Principais Vantagens Esperadas


O grande diferencial dos qubits topológicos de Majorana é a sua tolerância intrínseca a erros físicos. Graças à proteção topológica, esses qubits são, por definição, menos sensíveis a interferências ambientais, como flutuações térmicas e ruído eletromagnético.


Essa estabilidade significa que, em teoria, um processador quântico com férmions de Majorana precisaria de muito menos recursos dedicados à correção de erros, se comparado a arquiteturas como qubits supercondutores ou íons aprisionados. Isso poderia viabilizar, no futuro, um computador quântico tolerante a falhas com um número significativamente menor de qubits físicos para cada qubit lógico.


Além disso, a própria forma como os qubits topológicos realizam operações — por meio do braiding dos modos de Majorana — promete uma resistência adicional contra erros operacionais. Em um cenário ideal, isso significaria maior fidelidade nos cálculos e menor taxa de erro por porta lógica.



Limitações e Barreiras Tecnológicas Atuais


Por outro lado, os desafios enfrentados pela Microsoft são substanciais.

O primeiro obstáculo é a própria demonstração experimental consistente dos qubits topológicos tolerantes a falhas. Embora a Microsoft tenha anunciado, em 2024, a detecção de sinais consistentes com modos zero de Majorana, a capacidade de manipular esses estados de forma controlada e reprodutível ainda está em desenvolvimento.


Outro desafio crítico é a escala de fabricação. A produção de nanofios supercondutores com propriedades topológicas precisas, operando sob temperaturas criogênicas extremas e campos magnéticos estáveis, é uma tarefa que exige controle de materiais em nível atômico.


Além disso, a leitura de estado via Zero-Bias Conductance Peaks ainda é considerada um método indiretamente correlacionado com o estado quântico desejado. A transição desse tipo de detecção para um sistema de leitura rápido, confiável e compatível com operações em larga escala será um passo crucial nas metas da Microsoft para computação quântica.


Por fim, a ausência de demonstrações de operações lógicas universais com qubits de Majorana limita a arquitetura a um estágio de prova de conceito.



Se você quer saber mais sobre os fundamentos e lógica da computação quântica, veja os demais artigos em Posts Relacionados, a seguir, após o artigo.



Conclusão


O projeto do processador quântico da Microsoft baseado em qubits topológicos de Majorana representa um dos caminhos mais ambiciosos e inovadores na busca por um computador quântico tolerante a falhas.


A combinação de proteção topológica, estatísticas não-Abelianas e a promessa de maior estabilidade quântica posiciona essa arquitetura como uma potencial virada de jogo no longo prazo. Porém, a realidade em 2025 é que o Microsoft Majorana ainda se encontra em uma fase experimental, focada na validação física dos elementos básicos.


Com o avanço de pesquisas realizadas pela Microsoft Station Q e suas parcerias acadêmicas, os próximos anos serão decisivos para saber se essa abordagem conseguirá superar as limitações atuais e se consolidar como uma alternativa viável às arquiteturas mais consolidadas, como os qubits supercondutores e os íons aprisionados.


Independentemente do resultado final, o investimento da Microsoft nessa linha de computação quântica topológica tem contribuído significativamente para o avanço global da física quântica aplicada.


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